Em dezembro de 2025, o agronegócio brasileiro apresenta cenários mistos em relação ao clima, produção e mercado. A previsão climática indica temperaturas acima da média em quase todo o país, com chuvas irregulares: enquanto as regiões Sudeste e Centro-Oeste devem ter precipitações superiores à média, favorecendo o desenvolvimento de soja, milho, feijão, café e cana-de-açúcar, o Sul enfrenta volumes pluviométricos abaixo do esperado, acelerando a maturação e colheita das culturas de verão e inverno, com menor incidência de doenças fúngicas. No Norte e Nordeste, os contrastes na chuva podem prejudicar algumas culturas tropicais, como cacau e açaí, e ao mesmo tempo beneficiar feijão, milho e fruticultura irrigada. A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra brasileira 2025/26 é de 354,8 milhões de toneladas de grãos, com destaque para a soja, que terá aumento de 3,6 na área plantada, totalizando 49,1 milhões de hectares e produção projetada de 177,6 milhões de toneladas. Entretanto, a primeira safra de soja deve ter redução de área e produção por conta de eventos climáticos adversos, como granizo e chuvas fortes no Paraná, e a safra de inverno já está em colheita, com produção de trigo prevista em 7,7 milhões de toneladas, embora limitada pela redução nos investimentos em insumos, que aumentou a suscetibilidade a doenças nas lavouras. No campo econômico, o setor enfrenta desafios significativos, especialmente relacionados ao endividamento rural. A queda no preço das commodities, como a soja, e os efeitos climáticos acumulados nos últimos anos resultaram em perdas expressivas, enquanto a retração no seguro rural e a dificuldade de acesso ao crédito agravam a insegurança dos produtores. Entre julho e outubro de 2025, as contratações de crédito rural apresentaram queda de 17, o que representa um dos menores volumes dos últimos cinco anos. Por outro lado, o governo brasileiro avançou em negociações comerciais, abrindo mercados na Índia e Rússia para produtos como nozes de macadâmia, feijão comum e feijão-fradinho, o que amplia as oportunidades de exportação para o agronegócio nacional. Paralelamente, no Congresso Nacional, foi aprovada a criação da Política Nacional de Transformação Digital na Agricultura, que visa fomentar a inovação e a digitalização do campo, melhorar a conectividade rural, capacitação de produtores e aplicar tecnologias digitais que promovam sustentabilidade e inclusão, com foco também na mitigação das mudanças climáticas e na proteção de comunidades tradicionais. Assim, o agro brasileiro em dezembro de 2025 vive um momento de contrastes entre oportunidades de crescimento em volume e mercados externos, avanços tecnológicos e desafios estruturais ligados a clima, crédito e preços internacionais. O sucesso da próxima safra dependerá do equilíbrio entre esses fatores para garantir produtividade, sustentabilidade e resiliência econômica.